Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
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Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de junho

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Em junho de 2025, as chuvas no Brasil concentraram-se nos extremos norte e sul do país. Na Região Norte, os maiores acumulados superaram 240 mm em partes do Amazonas, Roraima e Amapá, enquanto a maior parte da região ficou entre 90 e 150 mm, com exceção de Tocantins e Rondônia, onde o volume acumulado ficou abaixo de 60 mm. O Nordeste registrou volumes entre 60 e 90 mm, com acumulados significativos no litoral de Pernambuco a Alagoas (superiores a 180 mm) e volumes abaixo de 30 mm no Piauí. As regiões Centro-Oeste e Sudeste, marcando o início do inverno, registraram tempo seco em grande parte do território, com volumes abaixo de 30 mm, especialmente em Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Minas Gerais. Em contrapartida, a Região Sul apresentou altos volumes em todos os estados (acima de 180 mm), com destaque para o Rio Grande do Sul, onde o acumulado ultrapassou 240 mm.

O armazenamento de água no solo refletiu a distribuição das chuvas. O extremo noroeste do país manteve altos índices, com umidade acima de 75% da Capacidade de Água Disponível (CAD). No restante da Região Norte, os níveis variaram, atingindo pontos críticos (abaixo de 15%) em Tocantins e no sul do Pará. Na Região Nordeste, enquanto a faixa litorânea exibiu bom armazenamento (60% a 90%), o interior sofreu com escassez hídrica (abaixo de 15%) em áreas do Piauí, Ceará e no oeste da Bahia. As regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentaram armazenamento predominantemente crítico, entre 0% e 15%. Na Região Sul, a umidade permaneceu elevada, variando de 60% a 75% no Paraná e de 75% a 90% em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Com relação às temperaturas máximas, a maior parte da Região Norte registrou médias de até 31°C, com Tocantins, Maranhão e Piauí apresentando as maiores médias, acima de 33°C. Na Bahia e nos demais estados do Nordeste, as máximas alcançaram até 27°C. No Centro-Oeste, o Mato Grosso teve as temperaturas mais altas, com 31°C, enquanto Goiás, DF e Mato Grosso do Sul registraram entre 25°C e 29°C. As regiões Sudeste e Sul, por sua vez, tiveram as temperaturas máximas mais baixas, permanecendo abaixo de 25°C.

Em relação às temperaturas mínimas, a maior parte das regiões Norte e Nordeste apresentou noites amenas, com valores entre 21°C e 23°C. O Centro-Oeste e a Bahia registraram mínimas um pouco mais baixas, entre 17°C e 19°C. As temperaturas mais frias do país foram observadas nas regiões Sudeste e Sul, que registraram mínimas abaixo de 15°C. Essas baixas temperaturas, influenciadas pelas massas de ar polar típicas do inverno, criaram condições para a formação de geadas nestas regiões ao longo do mês.

TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA

Milho 2ª safra

acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA/MT), foi registrado aumento na expectativa de área e produtividade referentes à 2ª safra de milho no Mato Grosso. A colheita já foi realizada em 14,08% da área total, representando um atraso de mais de 23 pontos percentuais (p.p.) com relação à safra anterior. Esse atraso é reflexo da colheita tardia da soja, que acabou atrasando as operações de semeadura do milho durante o mês de abril no estado. Apesar disso, as lavouras apresentam boas condições de desenvolvimento, e espera-se que com a tendência de menor volume de chuvas registrado em junho, a colheita avance satisfatoriamente nas próximas semanas.

No Mato Grosso do Sul, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), a expectativa segue otimista de aumento na produção em 20,6% com relação à safra anterior, com 79,2% das lavouras apresentando boas condições fitossanitárias, com a maior parte já em maturação. É necessário atenção, no entanto, ao risco de geada leve em algumas áreas das regiões centro e sul do estado e à estiagem que pode ocorrer com com a chegada do inverno, o que pode afetar lavouras mais tardias que ainda estão em estágio de enchimento de grãos. A colheita se iniciou na primeira quinzena de junho, sendo realizada em cerca de 2% das áreas, também representando um atraso com relação à safra anterior.

No Paraná, as condições climáticas recentes têm sido favoráveis ao desenvolvimento das lavouras de milho. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/PR), a maior parte das lavouras já está em estágio de maturação, e o milho que ainda está no campo, por estar em fase final de desenvolvimento, não deverá ser impactado por eventuais geadas. A colheita já alcança 12% das lavouras, mas tem progredido em um ritmo mais lento do que o esperado, principalmente devido ao alto volume de chuvas e à umidade registrados no estado. Além disso, os grãos colhidos apresentam alta umidade, o que aumenta o risco de danos durante o armazenamento.

 

fig 1.png [2]

Feijão 2ª e 3ª safras

A colheita do feijão da 2ª safra no Paraná está praticamente finalizada, com 96% das áreas já colhidas, conforme dados do Deral/PR. Após os impactos negativos da seca em maio, o excesso de umidade registrado em junho causou atrasos nas operações de colheita e prejudicou a qualidade dos grãos, especialmente na região central do estado. Para completar, a cotação do feijão no mercado está em baixa devido à grande oferta de grãos proveniente da 1ª safra, que tem pressionado os preços.

No Rio Grande do Sul, segundo a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), a colheita já foi finalizada nos municípios das regiões norte e sul do estado, enquanto em municípios da região central, as operações apresentam atrasos devido ao grande volume de chuvas. Adicionalmente, os grãos colhidos apresentam umidade elevada, que favorece reduções de qualidade e consequentemente ocasionam em queda de seu preço no mercado.

Em Santa Catarina, as projeções da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/SC) continuam indicando uma redução na produção do feijão 2ª safra. Essa queda é resultado direto das condições climáticas desfavoráveis que marcaram o ciclo produtivo. No meio do ciclo, as lavouras enfrentaram temperaturas elevadas e estiagem. Posteriormente, já na fase de colheita durante o mês de junho, o excesso de umidade prejudicou a qualidade dos grãos e atrasou as operações.

Com relação ao feijão 3ª safra, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima-se queda na produção de 5,1% com relação ao ano anterior, principalmente devido a previsões de redução de produtividade das lavouras, apesar de um leve aumento estimado na área destinada à cultura. Na Bahia e no Paraná a semeadura já foi concluída, enquanto em Minas Gerais e Goiás, se encaminha para o encerramento das operações.

Algodão

De acordo com dados da Conab, os estados mais adiantados na colheita da safra de algodão 2024/2025, até o momento, são Minas Gerais, Piauí, Bahia e Goiás e o avanço da colheita apresenta um leve atraso de 0,3 p.p. em comparação com o mesmo período da safra anterior. Ainda assim, as expectativas de produção permanecem elevadas, com previsão de um recorde histórico para a produção nacional de algodão em caroço, estimada em 9,42 milhões de toneladas. A produção de fibra (pluma) está estimada em 3.912,8 mil toneladas, representando um aumento de 5 pontos percentuais em relação à safra passada. Esse incremento é impulsionado, principalmente, pela expansão da área cultivada nas regiões Norte, Centro-Oeste e, em especial, no Nordeste.

De acordo com o Imea/MT no estado do Mato Grosso, o clima tem se mostrado favorável ao desenvolvimento final da cultura, com chuvas isoladas e de baixa intensidade que contribuem para a maturação fisiológica e para a manutenção da sanidade das lavouras. As práticas de manejo fitossanitário têm se concentrado no controle do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) e da mosca-branca (Bemisia tabaci). À medida que os talhões da segunda safra atingem o ponto de colheita, previsto majoritariamente para o mês de julho, período caracterizado pela abertura dos capulhos, espera-se uma intensificação nas operações de campo (Figura 2).

Na Bahia, segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes (AIBA) a colheita teve início de forma gradual (Figura 2), acompanhando o estágio de maturação das plantas. Entretanto, as áreas colhidas até o momento apresentaram teor de fibra abaixo do esperado. O estado registrou um aumento expressivo de 20% na área cultivada em relação à safra anterior, totalizando aproximadamente 413 mil hectares.

No Mato Grosso do Sul, a queda nas temperaturas ocasionou a suspensão temporária da maioria das atividades em campo, impactando o ritmo de colheita. Em Minas Gerais, cerca de 25% das áreas já foram submetidas à aplicação de dessecantes com o objetivo de antecipar a maturação das plantas. Em Goiás, a colheita foi iniciada nas regiões Sul e Sudoeste, onde as lavouras de sequeiro se encontram em estágios avançados. Além disso, os trabalhos estão em andamento também nas regiões Sul e Leste do estado, apresentando resultados considerados regulares e bons em termos de qualidade da fibra.

No estado de São Paulo, aproximadamente 76% da área cultivada foi implantada, com destaque para as regiões de Paranapanema (80% da área semeada), Martinópolis (90%) e Leme (15%). No Piauí, segundo estado mais avançado em termos de colheita, as lavouras demonstraram bom estabelecimento inicial, embora algumas áreas tenham registrado perdas devido ao déficit hídrico durante as fases críticas de desenvolvimento.

fig 2.png [3]

 

Trigo

A semeadura da safra de trigo 2024/2025 já alcançou aproximadamente 56,6% da área estimada para cultivo no país. No entanto, as projeções mais recentes divulgadas pela Conab indicam uma tendência de redução das áreas cultivadas nas regiões Sudeste e Sul, o que pode impactar negativamente a produção nacional.

No Rio Grande do Sul, as chuvas ocorridas durante o segundo decêndio do mês interromperam temporariamente as atividades de semeadura, que foram retomadas com a estabilização das condições meteorológicas. De modo geral, segundo a Emater/RS, as primeiras lavouras implantadas apresentaram boa emergência e estabelecimento inicial. Entretanto, em microrregiões como Alto Uruguai e Missões, as interrupções foram mais críticas, resultando em perdas de plântulas e episódios de erosão do solo. Nas áreas recentemente semeadas, foram observadas perdas associadas à erosão superficial, encharcamento e compactação do solo, especialmente em talhões em fase de germinação e emergência, além de solos arenosos severamente afetados pelas chuvas, os quais demandam replantio. Em lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo, foram registrados sintomas de estresse fisiológico, como crescimento reduzido e baixo perfilhamento, atribuídos à combinação de alta umidade do solo e baixa radiação solar. Atualmente, cerca de 39% da área prevista no estado já foi semeada (Figura 3).

No estado do Paraná, aproximadamente 85% da área destinada ao cultivo de trigo já foi implantada (Figura 3), com lavouras em diferentes estágios fenológicos, abrangendo desde a emergência até o florescimento. As temperaturas mais baixas observadas nas últimas semanas têm favorecido o desenvolvimento fisiológico das plantas. De acordo com o Deral/PR, as lavouras apresentam, em sua maioria, boas condições sanitárias e fisiológicas. Contudo, as geadas ocorridas no final do mês afetaram talhões localizados em estágios sensíveis, como emborrachamento, florescimento e início do enchimento de grãos, aumentando a vulnerabilidade dessas áreas a danos térmicos.

Em Santa Catarina, de acordo com a Epagri/SC os trabalhos de semeadura tiveram início de forma pontual, com expectativa de intensificação das operações até o final do mês. Observa-se, contudo, uma retração de 5,6% na área total cultivada em relação à safra anterior, refletindo ajustes regionais na estratégia de cultivo.

Nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, as lavouras apresentam bom desenvolvimento, beneficiadas pelas condições climáticas amenas predominantes, que têm favorecido tanto a emergência quanto o estabelecimento inicial das plantas.

 

fig 3.png [4]

Legenda 1: 
Sistema TEMPOCAMPO
Imagem 2: 
Legenda 2: 
Sistema TEMPOCAMPO
Responsável: 
Caio Albuquerque [5]
Data de controle: 
segunda-feira, Junho 30, 2025


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